terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Show: Canções de Caymmi

“O caminho me escolheu”

Fonte: A Tarde - 06/04/2000
Por Kátia Borges


Jussara Silveira fala com exclusividade para A TARDE sobre o show de amanhã, no TCA, durante a entrega do Prêmio Banco do Brasil de Jornalismo.

As canções de Caymmi, na voz doce e afinada de Jussara Silveira, comporão a trilha sonora da entrega do Prêmio Banco do Brasil de Jornalismo, que acontece amanhã, às 21 horas, no palco do Teatro Castro Alves. A escolha, em detrimento de outros grandes nomes da MPB, procede. Mineira e baianíssima, Jussara é cantora predileta de nove entre 10 formadores de opinião. No segundo disco, lançado pela Dubas, ela ultrapassa o rótulo de “cantora cool de Salvador” e se mostra uma intérprete refinada e madura. O suficiente para, por exemplo, encarar o desafio de reler a obra de Dorival Caymmi. Nesta entrevista, exclusiva para a A TARDE, via fone, do Rio, ela fala sobre esta nova fase da carreira, iniciada nos palcos da capital baiana. Confira!

P - Afinal, Jussara Silveira se sente mais baiana ou mais mineira?
R - Na verdade, não tenho nenhuma raiz mineira. Minha família é baiana e estava em Minas a trabalho. Nasci em Nanuque, uma cidadezinha colada na Bahia, mas cresci em Salvador. Minha família é do sertão baiano e creio que minha influência vem mais do mar, do Recôncavo. De Minas, coisas como o Clube da Esquina e Guimarães Rosa me influenciaram muito. Também sou a única dos irmãos que voltou à cidade na qual nasceu. Fui conhecer o local, que é lindo, e tem um rio que passa bem no meio da cidade. Me considero mais que baiana ou mineira, uma autêntica brasileira.

P - Como andam seus projetos musicais? Já há repertório pronto para um novo disco?
R - Eu vou apresentar em Salvador Canções de Caymmi, mas o disco novo já está parcialmente acabado. Vai ser produzido pelo Chico Neves, com quem estarei trabalhando pela primeira vez. José Miguel Wisnik também participa do trabalho. Em paralelo a minha carreira, há, sempre, esse encontro com o Miguel. Fiz shows com ele e participei do último trabalho dele, cantando várias músicas. Trabalhei, ainda, com Ione Papas, Celso Fonseca e Roberto Mendes, em um disco novo, somente de chulas, que ele vai lançar. Em relação a meu novo trabalho, só posso adiantar que será um disco de canções. Uma espécie de dor-de-cotovelo eletrônica (risos).

P - Como se deu a aproximação com o repertório de Caymmi?
R - A música dele sempre esteve presente na minha vida, enquanto uma cantora que trabalha com canções. Ronaldo Bastos, que é o dono da gravadora Dubas, me convidou e considerei um desafio. De início, não quis aceitar, por considerar que Caymmi é o melhor intérprete das suas canções. Mas acabei convencida a emprestar minha releitura para a obra dele. E meu trabalho foi, justamente, não tentar modernizar e nem reinventar Caymmi, porque ele já é moderno. Acho que o resultado agradou a todos, inclusive ao Luiz Brasil, que foi produtor, arranjador e tocou violão em várias faixas.

P - Há quantas anda a sua carreira no eixo Rio-SP, em termos de shows e trabalho nas rádios? Rola boa receptividade ao seu trabalho?
R - Recebi críticas positivas em todo o País. Creio que todos souberam ouvir muito bem. Infelizmente, o trabalho não teve uma distribuição satisfatória, mas os que tiveram acesso deram um retorno positivo (para fãs: o disco Canções de Caymmi pode ser comprado via Internet, no endereço http://www.dubas.com.br.)

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