sábado, 20 de fevereiro de 2010

2000 - Maria Bethânia e suas convidadas no projeto: "Caixa Acústica"

Concha de emoções

A Tarde - Caderno 2 (19 de agosto de 2000)
Por  Ana Paula Guedes


Noite inesquecível, para quem assistiu ao show de Maria Bethânia e convidadas - Alcione, Jussara Silveira, Belô Velloso e Vânia Abreu -, quinta última, na Concha.

Encontro de gerações, no palco e na platéia da Concha Acústica, última quinta - dia da abertura do projeto Caixa Acústica - Mulheres. As veteranas Maria Bethânia e Alcione dividiram os refletores com a nova geração de intérpretes baianas: Vânia Abreu, Belô Velloso e Jussara Silveira. Do outro lado, o público, dando um show de diversidade: avôs, pais, filhos, pessoas de todas as idades e raças.

Bethânia abriu a noite. Vestida de branco e descalça, claro. Estava segura de onde pisava - a Bahia é sua casa. O público retribuiu, aplaudindo e balançando o chão da Concha, sim! Madrinha oficial do projeto, interpretou, antes de chamar a primeira convidada, canções que fizeram grande sucesso em sua voz, como Tocando Em Frente, de Almir Sater e Renato Teixeira.

Depois de aquecer o público com sua emoção, Bethânia chamou ao palco a amiga de longas datas, Alcione, a "Marrom". A baiana e a maranhense deram um show de interpretação e potencial vocal, cantando juntas músicas que embalaram os corações apaixonados de várias gerações, como O Meu Amor, de Chico Buarque. Depois do primeiro dueto, Bethânia sentou-se num banquinho, estrategicamente colocado ao lado do palco, e integrou-se à platéia, assistindo e aplaudindo suas (felizardas) escolhidas. Melhor anfitriã, impossível.

A voz de Alcione tomou conta da Concha Acústica. Com voz e violão, relembrou grandes sucessos da carreira. O momento intimista do show foi interrompido para dar lugar, outra vez, às amigas, que levantaram o público com o hino da escola de samba carioca Mangueira. Acalmando um pouco a euforia dos espectadores, as cantoras deixaram o palco e a orquestra fez uma rápida exibição.

Quando Bethânia retornou, a platéia levantou-se, gritando palavras doces para a musa, cercada de rosas vermelhas, distribuídas pela produção e jogadas pelo público no palco. Isso é Bahia. A cantora retribuiu o carinho, fazendo o que mais sabe: cantar e encantar. Mais um solo de Beta. Explode, Coração!
"Quero aplaudir, com vocês, as novas e luminosas vozes do Brasil: Vânia Abreu, Jussara Silveira e Belô Velloso", anunciou, com orgulho.

Se o público estava emocionado, as cantoras baianas da nova safra da MPB, então... Vânia, Jussara e Belô acompanharam a "dinda", com extrema harmonia, e, juntas, fizeram uma bela homenagem à Bahia. Após a performance coletiva, Bethânia e Vânia atacaram de Onde Estará o Meu Amor (Chico César). Beta deixa Vânia. A voz doce da jovem baiana é acompanhada por um coro formado por quase quatro mil vozes, atestando a popularidade na terrinha.

Belô Velloso substitui Vânia. Pela primeira vez, a jovem canta com a tia, para o grande público. Seu solo revela um estilo sóbrio. Sai de cena, entra Jussara Silveira. Bethânia e platéia parecem hipnotizadas pela leveza e singularidade de sua interpretação.

A noite foi esquentando, esquentando... De volta ao palco, as três "afilhadas" arriscaram, com Bethânia, sambinhas célebres em homenagem à Bahia, como Falsa Baiana, de Geraldo Pereira. Até a anfitriã "rodou a baiana" e mostrou às mais jovens que, além de uma voz poderosa, tem muito samba no pé! No final, o clímax: as cinco reuniram-se no palco, interpretando canções que falam da cultura da Terra de Todos os Santos (É d’Oxum, de Gerônimo, entre elas). Teve bis: o hino de esperança e otimismo composto por Gonzaquinha, O Que é, o Que é, arrebata a platéia.

De parabéns, a Organizado pela Conexão Marketing e Comunicação (leia-se Maria Luísa Jucá) e a Caixa Econômica Federal. O Concha Acústica - Mulheres é um grande projeto.

Nenhum comentário: